por Pedro Penido
É como estar apaixonado... você nunca saberá explicar como aconteceu, mas simplesmente aconteceu... Eu poderia divagar aqui sobre o sol e a terra... sobre a lua e o mar... Poderia escrever um tratado filosófico sobre a beleza da vida e as coisas que nunca irão mudar (ou acontecer)... Sobre os sentimentos de rebeldia, os dias de (r)evolução... Eu poderia tentar fazer verso ou prosa... Poderia provar de todas as frutas, deduzir a mais saborosa... Poderia dizer que amo sem sequer saber amar... Poderia olhar nos olhos cristal de meus amigos e dizer que será eterna nossa amizade... Poderia viver falando com meus amigos, viver a eternidade... Eu queria e não saberia falar de meus mestres, de meus pais, tutores e, quem sabe, algum grande e amado amigo perdido para o tempo, perdido no tempo, no sentimento... Eu saberia dizer a todos as cores de mil bandeiras e saberia pregar que não necessitamos de quaisquer nações... Tentaria nomear as estrelas, nomear as paixões... Tentaria driblar os males da carne, da alma, da mente... Sentiria minha pele em chamas com o calor da loucura... Seria um aristocrata em uma família amaldiçoada pela própria tradição... Eu uso demais as reticências, mas tudo que quero é dar as idéias, falar das mentiras, desmentir as verdades... Nos olhos das pessoas, tento arrancar suas almas... Eu me apaixono mil vezes por dia... E todas as paixões de sorrisos e lágrimas onde vejo os reflexos macabros de um mundo de deidades e ilusões... Vejo artes e credos, povos e nações... Faço das minhas palavras sem ritmo o fim e o escarcéu... Caio como chuva branda, inerte, sobre as chamas da eterna dúvida, sobre esse fogaréu... Eu sonharia e deveria sonhar, mas não sei se eu amo, muito menos sei se sequer sei ou saberia saber amar... E torno-me um louco aos olhos dos outros, por simplesmente tentar falar!
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