Pedro Penido
Muito fácil a vida de uns tais que se proclamam guardiões do mundo dos bons, cujas vidas concedem privilágios e boas opções, pois têm pérolas nos olhos e vazios nos corações. Veem o mundo de plataformas tão altas que perderam o contato com o chão, com a terra. Riem por terem e menosprezam quem não tem. E ainda bancam sábios, críticos de toda e qualquer condição, reinantes em suas vidas cheias de ninguém.
São entusiastas do desespero, pois vivem de falsas sensações.
Imersos em seus desejos banais, em propagandas dos próprios méritos profissionais. Articuladores do esforço dissimulado, elevado a patamares de constrangimento e condenação, quando falam do próprio suor como se o mundo abaixo de seus narizes não fosse o mundo onde se mata por um pedaço de pão.
São entusiastas do desespero. Vivem falsas sensações. De suas gargalhadas regadas a vícios jamais virão genuínos traços de sentimentos quaisquer, sejam eles os soberbos risos da fortuna ou os sutis olhares cúmplices dos apaixonados. Sempre terão e não saberão ter. Viverão sem saber viver, se autocondenando a tal destino não merecer.
Muito fácil a vida de uns tais que se proclamam guardiões do mundo dos bons. E acreditam que o otimismo advindo de seus privilégios é comum e geral. Que pena... São tão otimistas que mal podem ver além da materialidade de seu mundo nanico e imbecil. E ainda acham que tudo é questão de se escolher corretamente entre o "bem" e o "mal".
Sinceramente eu não sou e nem quero ser otimista. Quero ser real!
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