Desmanches
Pedro Penido
Há desmanches em nossas almas.
Lar de crimes indecifráveis,
onde parte de nossos sentimentos,
esquivos, fugitivos, cheios de lamento,
são trocados por restos de outros tempos,
numa promíscua relação de sobrevivência.
É cômodo, de fato, vencer essa licitação da vida.
Basta oferecer perjúrios e traição,
num mar ludibriante de sacroprofanação,
enganando, iludindo, distraindo o coração,
enquanto o mundo e o tempo não param
e o que era sentimento vira traços da covardia.
É estranho, sim!, imaginar preços para sentimentos.
Mas há quem o faça e, ouvi dizer, faz bem.
Não importa a origem do sentimento,
nem importa se pertence ao dono ou a outrem.
Desmanches que estilhaçam e despedaçam,
Desmanches que estilhaçam e despedaçam,
separam e empacotam para a venda
em um mundo de vazios usados.
Há quem sustente esse tipo de lugar.
Há quem imagine que sentimentos prostituídos
Há quem imagine que sentimentos prostituídos
possam, um dia, pelo menos, nos abandonar.
Mas é tarde quando percebem, perplexos,
que os desmanches em nossas almas,
nossos pueris truques ante o tempo,
não podem evitar a verdade em nossos reflexos.
Aplausos pra ti!
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