Quantas Vezes
Pedro Penido
Quantas vezes já caminhamos por praias sem fim? Atormentados por angústias que nos arrancam as mais profundas e densas lágrimas, caminhamos deixando pegadas na areia, deixando sensações vastas e incompreensíveis em nossas veias.
Quantas vezes já movimentamos, sozinhos, as paradas pelo caminho? Quantas voltas em torno do mesmo lugar? Quantos tragos dados em nome da loucura de sentir a vida correr à medida que estremecem nossos ossos e arrepiam os pelos de nossa pele?
Quantas vezes já pensamos que as coisas poderiam ter sido melhores? Quantas vezes já imploramos, ateus ou não, para que o Tempo, senhor de tudo mais, nos desse uma segunda chance? Quantas vezes já vendemos nossas almas em busca do inalcançável poder de voltar e seguir outros cursos e caminhos? Quantas vezes já precisamos de uma mão amiga e seguimos, para sobreviver, sozinhos?
Quantas vezes já sonhamos acordados e demos sorrisos sutis em noites de temporal? Quantas vezes foram as tochas incendiárias do amor que nos deram forças para avançar para o olho do furacão? Quantas vezes foram os olhares cúmplices de nossos amigos que nos conduziram para além da tormenta de cada dia?
Quantas vezes sentimos os olhos vidrarem em lágrimas à simples menção de nomes que não mais constam na brutal realidade? Quantas vezes foram palavras e sussurros fantasmagóricos de nosso passado que nos alertaram para os erros e acertos, para os riscos e oportunidades, para as loucuras inimagináveis da jornada?
Quantas vezes?
Somos carne e sangue, ossos, verso, fogo. Somos nossas vontades impelidas por nossa capacidade de seguir em frente. Somos nossos maiores inimigos num reflexo-eco da vida. Somos deuses de nossa vontade, senhores de nossas escolhas. Somos fabulosos e monstruosos, loucos e sábios, virtudes e pecados. Somos o que importa ser.
Excelente,meu caro primo.A cada dia você aperfeiçoa mais o ofício.
ResponderExcluirPara quando é o livro?
Um grande abraço.
Quantas vezes, por medo de errar ou de sofrer não vivemos.
ResponderExcluirPerdi as contas já.
Beijos pra ti poeta