Alvorecer
Crônicas do Mar
Crônicas do Mar
Pedro Penido
Deixou para trás os dias de tormenta. Ancorou sua nau numa ilha de ventos leves e dias gentis. Arriscou pela praia. A areia sussurrava seu nome e a brisa empurrava-o para longe do mar. Encontrou a paz que buscava nos olhos de uma jovem e com ela tempos depois se casou. Teve filhos: Callis e Clara. Lindos filhos que cresceram longe das tempestades. Filhos que lhe deram netos e tornaram sua vida, finalmente, suportável.
No amor da família reunida viu-se senhor de seu próprio tempo. E arranhou nas grandes pedras negras da praia suas lembranças. Os nomes dos homens que o acompanharam aos confins da loucura.
Até que certa noite, enquanto a lua tocava silenciosa o mar, ouviu estrondo de trovão e um som familiar. Das nuvens escuras, brumas de tempos antigos, a velha nau ressurgia intrépida e pueril. Todos brindavam o retorno do capitão e cantavam suas glórias dos dias passados. Caminhou mar adentro noite afora. Deixou naquelas calmas areias apenas o corpo que não mais acompanhava sua busca interminável.
Voltou para o mar, para os ventos.
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