Valquírias da Estrada
Pedro Penido
Por que não na velocidade das coisas encontrar nosso descanso? Como se a lastimável lentidão da vida pudesse ser recompensada pelos vagos momentos de poder que um pedal de acelerador colado no chão pode trazer.
Rodovias inteiras tornadas mares de poeira. Carros e pessoas que se tornam vultos abandonados às sombras da beira da estrada. Como se tudo que eu pudesse (ou devesse) enfrentar fosse destrinchado a cada quilômetro alucinadamente vencido.
Levar a máquina aos limites da louca vontade humana. A tendência de perder forma e ganhar equilíbrio na velocidade estimula a busca dos mais insanos pensamentos, e conduz à agradável brisa após verdadeiros mares de tormenta. Mais velocidade para os traumas da vida. Assim, feito louco, pode-se correr ao confins absurdo. E arrasto ao limiar do poder o que o engenho da mente pode conceber. Um motor, aliado e escravo, desse tipo estranho e devastador de prazer. Acelerar pela loucura, até o limiar do horizonte, no encalço dos mais rebeldes ventos. Pois estão nos ventos as Valquírias, nas lágrimas de dias cinzentos.
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