Pedro Penido
Há noites estranhas. Invulneráveis aos nossos gritos de desespero. Noites que gritam sozinhas, rua afora, pelo vento fresco, andarilho fugaz.
Há noites estranhas. Incompreendidas e incompreensíveis, das relvas aos monstros de concreto, dos espelhos d'água aos rios de asfalto. Noites estranhas, gélidas sob todas as remanescências do sol imperador.
Há noites estranhas. E por elas perambulo. Arrasto-me de sombra em sombro, brasa à frente e tragos pelo caminho. Um companheiro silencioso das bestas e anjos que vagam nos becos, um incauto observador.
Eu trago nas noites e das noites um pouco do que sou: resto, sombra, vento e verso. Muralha sensível ao mais estranho sabor.
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