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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sonhos, A Escolha e o Corsário, parte 2.

Sonhos, A Escolha e o Corsário
parte 2 | Pedro Penido

Qual caminho escolher? Lançar-se à imensidão do mar revolto em estado de extasiante loucura ou aguardar o sono ser perturbado por qualquer variável do infinito?

Perseguido por um velejador de algum lugar distante de sua mente, Lok sabia que estava fazendo uma aposta, arriscando, jogando dados de faces incontáveis. Mas era uma boa escolha lidar com a sorte uma vez que lidar com o Capitão era bem diferente. Com ele podia-se entender que as chances de boas coisas acontecerem em um mar de coisas eram bem menores. Ele podia ordenar sua vontade, fato que lhe propiciava mais chances de seguir num determinado propósito. O Capitão era, talvez, tão absurdo quanto a própria idéia de toda essa situação.

E Lok lançou-se ao mar. Ondas que pareciam murmurar palavras estranhas, coisas que iam de odes aos lamentos, de brados heróicos a sussurros lamacentos. E o Capitão ainda enfrentou a tormenta em tentativas assustadoras de arpoar Lok em plento pranto. Mas o mar parecia não abrir mão do presente que lhe foi dado, e lançava ondas imensas contra o velho corsário. Seu próprio barco podia não suportar a fúria de sua vontade. E seem o barco, sem mar.

Lok nadou até não conseguir mais levantar os braços. Esperou a morte chegar. Afundaria ali como uma âncora. Mas... estranhamente... não chegava o tempo de afundar. Parecia que suas forças se esvaíam tão lentamente que ele parou de saber de si. Perdeu a noção do tempo, de seus limites, de sua dor. Continuava estando, sem ser em potência, sem ser o estalo que faz explodir tudo mais. Lok ficou inerte.

O Capitão já deixava a nau seguir o melhor caminho, em escapada de sorte do destino certo nas águas de um monstruoso mar misterioso. Mas com a nave rumando para um lado, ele fitava sua caça na outra extremidade. Como se tempestade nem sequer o incomodasse. A mesma tempestade que dava os braços a Lok numa dança macabra de cores e coros vezes urrando, vezes soprando levemente frações do instante.

Sonhos, parte 1

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