Ao sangue os hunos
Você sabe o que é barbárie?
Saberá dizer quando ela chegar?
Eu não sei de muita coisa...
Mas de alguma coisa eu sei.
Quando chegar a barbárie
ela vai matar todo mundo.
Pobre, preto, índio, vermelho, gay.
Quando ela chegar
alguns irão para a rua
chamar burro de mito
e mito de rei.
É natural do assustado
correr para seu opressor,
mas quando a barbárie chegar
o tirano será aplaudido
e traído será o professor.
Sobre a tal barbárie,
eu não sei de muita coisa...
Mas de alguma coisa eu sei.
Diferente será crime
e o crime será a lei.
Haverá aquele tipo ultrajante
camuflado de isento pensante,
certo mero fascínora repugnante
empossado pela horda ruminante.
Enquanto... cá, de bandeira em riste,
quebrando o pau a gente resiste.
E enfrenta os dragões nas cisternas do poder
e seus isentões desgraçados e pelegos babacas,
com foice em sangue por onde a gente for.
Afinal, rei, qualquer que seja,
é feito (ou eleito) pra morrer,
e que arraste,
pela estrada da vergonha,
quem segue pato, seja boi ou vaca,
pelo próprio entardecer.
A gente não tem tempo de explicar o óbvio,
ainda mais, convenhamos, o ululante,
muito menos santificar-se ao custo da vida
para ser santo e ter tolerância com o intolerante.
Sobre a barbárie...
Eu não sei de muita coisa.
Mas, de alguma coisa, meu amigo, eu sei.
Ai daquele, que bancando o huno,
ousar ancorar em cais de saudade,
esse barco, cujo sopro enfuno,
para dentro da mudança-tempestade.