Pedro Penido
Vivo em intensidade desmedida, em explosões de loucura, paixão, lágrimas e gargalhadas. Como se estivesse no olho dum furacão de sensações, imerso em verso, escravo da fuga do mundo do formato, modelado, previsível, preparado.
Ando cego, frio, desprezível. Ando pelas ruas e pela vida sem deixar rastros, memórias, lembranças. Como se algo faltasse ou jamais pudesse ser encontrado. Ando sem saber para onde ir ou o que esperar do caminho, da jornada, da estrada.
Já chorei por idealizações. Tanto que delas me desfiz. Não espero nada de ninguém, seja do mal, seja do bem. Já chorei por frustrações. Tanto que delas arranco força para tornar dor em verso e vomitar restos de sensações, do frio na barriga ao frio da espinha, do medo às boas sensações ante o temporal.
Sou humano e choro e sofro, perseguido por meus erros, atormentado por meus desejos, limitado pela incapacidade de agir, de fazer sentir, de acreditar no acaso da vida e do sentimento.
Tenho esfriado. Cada verso arrancado da alma dá forças e mina defesas, como madeira seca que engrandece o fogo e lhe dá forças para golpes cada vez mais vorazes. Fogo condenado à extinção à medida que fulmina, em fome furiosa, a madeira que lhe alimenta.
Sou meus traços... meus atos... e você?
O Grito - Edvard Munch
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