Simbiose
Pedro Penido
Saudações, meu caro amigo.
Já pensou nas histórias que nos contam sobre monstros e feras de além mar? Já pensou nos demônios das sombras e da areia? E nos reflexos distorcidos que você fita toda noite antes de dormir? Já pensou que há andarilhos por aí que conhecem você?
Então pense mais nessas coisas, pois elas existem e não deixarão de existir. Pense muito bem em como vai lidar com elas, pois não deixarão você ir. E sabe como eu sei disso? Sou mero reflexo aleatório do mundo sombrio que você cria numa gaveta de 'entulhos esquecidos' e 'pertences de tempos largados' bem aí no fundo de sua memória, nos confins de sua mente, nos labirintos que chamo de lar.
Lembra-se de mim caminha alegremente pelo parque com sua amada. Lembre-se que estou sempre mais perto que devia e menos longe que queria. Estou sempre cravado num mundo seu, renegado, de onde tiro minhas forças para lembrar-lhe quem sou: você.
Sou memória, escória, glória, história. Sou tudo que já foi, para você e mais ninguém. E quando resgata a santíssima trindade para aliviar o peso desse tormento, sou eu, enfim, que digo 'amém!'. Somos meio-irmãos: monstros à nossa maneira, monstros sãos.
E então? O que tem a dizer? Nada? Foi isso que imaginei... Então lembre-se sempre de mim... e nos vemos por aí.
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